por anajoao2006, em 23.09.10
Estou a 8 dias de me ir embora e as saudades já se manifestam no físico. Não consigo adormecer, acordo imensas vezes durante a noite e revejo várias vezes ao dia o meu regresso. Faço todos os planos para me ir embora, relembro onde tenho as coisas para não me esquecer de nada e já deixei de comprar provisões para ter oportunidade de acabar com tudo. Já fiz as contas ao dinheiro e sei o que posso gastar e com quanto tenho que ficar para o comboio que me leva ao aeroporto. Tenho portanto tudo organizado para ir, mas ainda tenho que esperar uma semana. Os meus rapazes fazem-me tanta falta!
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por anajoao2006, em 23.09.10
Ainda em Agosto (há meses muito compridos), foi tempo de voltar a Oslo. Vim dia 24 de Agosto e fico até dia 30 de Setembro. Estas estadias são muito importantes para o meu trabalho, mas devastam o meu coração.
Felizmente, desta vez tive uma visita que ajudou a tornar esta estadia muito mais agradável. Dia 30 de Agosto foi o meu aniversário, fiz 30 anos. As previsões eram passar aqui o meu aniversário, longe de tudo e de todos os que me fazem falta. Mas, eu tenho uns amigos e família como ninguém tem e no aniversário do João (também em Agosto) a prenda foi uma viagem à Noruega no fim de semana de 30 de Agosto. Foi uma prenda com um significado imenso. Tivemos uns dias muito bem passados, sem filhos, como nunca tinhamos tido (e fazem imensa falta). Para além disso ainda tive uma das melhores prendas que alguma vez me tinham dado:
http://deportugalparanoruegaparabensana.blogspot.com/ Feitas as contas, até foi um aniversário muito bem passado!
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por anajoao2006, em 23.09.10
A meio de Agosto lá foram os dois para o infantário. Para o Gabriel foi a primeira vez. Fez uma semana de adaptação enquanto eu ainda estava em casa e na semana seguinte começou a fazer o horário normal. O que lhe custa mesmo é dormir, pois ele está habituado a dormir numa cama de viagem, cheio de espaço (sendo que dá uso a todo esse espaço) e agora tem uma caminha pequenina, na escola. Mas lá se adaptou e acho que até correu muito melhor do que com o Xavier. Está com a educadora Sílvia, que é novinha e nova na escola, mas que é muito simpática. Até me envia fotos do Gabs enquanto eu estou fora!
O Xavier, como foi dito, já não tem a sua Susaninha e mudou para uma sala nova, com meninos mais velhos e onde já não dormem a sesta (na minha opinião está muito mal, mas enfim). Deviam ver o orgulho do Xavier em já não dormir a sesta. Aqui vai a conversa pelo telefone:
Eu: Então Xavier, já estás numa sala nova, com outros meninos?
X.: Sim e agora já não durmo de dia.
Eu: Ai sim? Estás a ficar muito crescido
X.: Pois, e agora quando tu me disseres assim: Xavier queres ir dormir de dia? Eu digo: Não, mãe. Quero ficar a brincar e então tu tens que dizer: Está bem, meu filho
Ainda bem que o meu filho define os guiões dos nossos diálogos!
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por anajoao2006, em 23.09.10
As féria este ano foram curtinhas. No final de Julho as educadoras do Xavier disseram-me que ele estava a precisar de férias. Chorava muitas vezes quando acordava, não queria ir para a escola, enfim, depois de um ano de trabalho também estava cansado. E assim foi, eu arranjei forma de organizar o trabalho de modo a proporcionar-lhe férias. De qualquer forma ele teria que começar a ir para o infantário a meio de Agosto. Assim, as curtas férias em família passaram-se em Alcáçovas durante uma semaninha de muito calor. O Gabriel não gostou muito do calor e teve alguma dificuldade em dormir, mas eis que um dia, o calor desapareceu e a paritr daí as coisas correram melhor.
Os banhos de piscina foram uma constante. O Xavier, por ele, põe as braçadeiras, os tampões nos ouvidos e é até ficar todo roxinho. O Gabriel também gosta da água, mas fica com frio mais depressa.
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por anajoao2006, em 23.09.10
Mas Julho não foram só tristezas. O Avô André (desta vez avô dos garotos, meu sogro) fez anos e fomos até ao Alentejo. A festa era surpresa e conseguiu-se juntar um belo grupo de pessoas para celebrar os 80 anos deste grande senhor. Não è por ser meu sogro, avô dos meu netos e pai do João, mas o facto é que o Avô André é muito, muito grande! Mais uma das pessoas pela qual eu tenho uma imesurável admiração (grande património genético que têm os meus filhos, hein?; vamos lá ver se não se perdeu tudo na geração dos pais!). O tempo em Julho já está bem quente, perfeito para uns banhos de piscina na casa da Tia Xana. E o que os garotos gostaram desta viagem. Até o Gabriel já tolera 4-5h dentro de um carro. Aqui fica uma sequência de fotos que ficou muito gira e até vai ter direito a moldura lá em casa.
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por anajoao2006, em 23.09.10
Julho foi um mês com muitas emoções, mais por parte da mãe do que por parte dos meninos. Mas afinal, este cantinho também é meu
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No dia 2 de Julho foi o aniversário da Avó Isaura (minha avó, bisavó dos garotos). Fomos tirar uma foto de família, afinal são 95 anos!
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A verdade é que Avó Isaura estava muito velhinha (pudera, com 95 anos) e passados 14 dias faleceu.
Não posso deixar de tentar descrever aqui a Avó Isaura e toda a admiração que sinto por ela, não só por mim, mas também para dar a conhecer aos meus filhos parte da sua ascendência.
A Avó Isaura nem sempre foi avó. Nasceu a 2 de Julho de 1915 na aldeia de Bodiosa, em Viseu. Numa casa pobre e cheia de irmãos, numa altura em que tudo era muito diferente do que é hoje. Nunca chegou a aprender a ler nem a escrever. Era ela quem em cuidava dos irmãos e fazia as refeições. Também vendia pão nas festas das redondezas, levava o milho ao moinho para moer, ia apanhar lenha ao monte para a lareira, etc. Com oito anos já foi ajudar uns vizinhos a plantar batatas (colocava-as no rego e tinha um pauzinho para medir a distância entre elas). Cerca dos 13 anos começou a trabalhar em casa de outras pessoas. Veio para o Porto com 21 anos de idade e começou a trabalhar (serviço doméstico interno) em Vilar do Paraíso. Passados uns meses foi para outra casa onde lhe pagava melhor (mesmo tipo de serviço), conheceu o que viria a ser seu marido e só saiu de lá quando casou. Ela sempre disse que foi muito bom ter vindo para cá, pois veio buscar a felicidade dela. Casou em Dezembro de 1942, com 27 anos, com a Avô António. A primeira filha nasceu sem vida em 1943, a filha Maria Celina nasceu em 2 de Dezembro de 1945 e filha Ana Maria em 15 de Fevereiro de 1948. O Avô António só o conheci sob o olhar de criança / pré-adolescente e é difícil extrapolar esse conhecimento à luz da minha percepção actual. Mas a Avó Isaura fazia questão de enaltecer o quão respeitoso o seu marido foi no início do seu romance / casamento e de facto, o Avô António era um homem sério, que passou muitas dificuldades na vida, mas com uma fibra moral irrepreensível. Tal como a Avó Isaura era um trabalhador. Juntos, construíram a casa onde moraram até ao fim da vida. Se há palavra que os descreve (do meu ponto de vista) é trabalhadores. Não no sentido actual da palavra, de viciados em trabalho, mas no sentido literal. Trabalhavam todo o dia, de sol a sol, sem margem para contemplações. Não havia estou cansado, agora não me apetece, vou só dar um saltinho à net, nada disso, o trabalho tinha que ser feito e fazia-se, pronto!
Assim era a Avó Isaura. Quando eu a conheci já ela trabalhava só no campo. Trabalhar no campo é como quem diz cultivar a horta. Mas era uma horta (que doravante voltará a ser referida como campo) que devia ser vista. Não havia um espacinho disponível. O único espaço com relva eram 2 m2 que não eram de todo dedicados ao lazer, chamava-se a esse rectângulo o coradouro e servia para estender roupa branca a corar ao sol. Todo este trabalho da Avó Isaura, servia não só para abastecer a sua própria despensa, como para abastecer a despensa do resto da família. Esse era o verdadeiro objectivo de tanto trabalho! Lembro-me desde sempre de ter couve galega, couve penca, feijão, batata, cebola, micro-alhos (não sei porquê eram sempre minúsculos), tomate, pimento, alface, salsa, peras, maçãs, ameixas, diospiros e tantos outros. Já para não falar dos ovos, galinhas e coelhos. Até vinho e broa de milho cozida em forno de lenha! Claro que tudo isto implica muito conhecimento, daquele que não está escrito em lado nenhum, mas que com o tempo se entranha nas mãos. A Avó Isaura sabia, sabia tudo o que havia para saber. A mim valeram-me os verões que lá passei: apanhava batatas, uvas que caiam ao chão na época das vindimas, vi arranjar galinhas e coelhos. Na altura não dei valor nenhum, até nem gostava muito do trabalho, mas ainda bem que o fiz. Gostava de ter aprendido mais, mas quem sabe um dia eu própria consigo ter alguma desta sabedoria entranhada nas mãos à custa do trabalho. Na realidade, um dos meus desejos é ter um campo, não só para encher a despensa, como para ter os meus filhos a crescer com um pedacinho de verde debaixo dos pés.
Mas voltando à Avó Isaura, nunca a ouvi queixar-se, a não ser do preço das coisas e da falta de moral e maus costumes dos tempos modernos. Trabalhou no campo até não poder mais e quando digo não poder mais é de uma forma literal, andava dobrada ao meio e agarrada a uma bengala (ou à enxada). Não vou, com certeza, ser capaz de descrever a força da Avó Isaura e tenho pena, pois foi talvez a pessoa mais forte e industriosa que eu conheci. A Avó Isaura era muito crente e com princípios morais muito rígidos, fortemente enraizados pelos anos. Discordamos muitas vezes, mas nunca deixamos de nos amar.
A Avó Isaura era uma lutadora, sem medo do que lhe estava reservado. No dia da sua morte estive com ela por volta das 13h (faleceu pelas 17h). Estava sentada no sofá, plenamente tranquila apesar de uma noite muito má. Perguntou pelos bisnetos, pelo João, pela Tânia e até comentou em tom de brincadeira o bom aspecto do meu irmão, que estava comigo. Estava cheia de dores, mas dizia: que chatisse, não estou bem em posição nenhuma
mas, o que é que eu hei-de fazer, é assim que tenho que ir!. É verdade que nunca estive tão perto da morte, por isso não sei se é normal esta tranquilidade quando se sente a nossa hora a chegar. Mas seja como for, a minha admiração pela Avó Isaura só cresceu. Se eu já conhecia o valor da Avó Isaura, nesse momento tive a confirmação da sua coragem e valentia inabaláveis até ao final. Eu gostava de ser mais como a Avó Isaura, mas a verdade é que não sou assim, forte e corajosa. No dia em que eu precisava mesmo de o ser não fui capaz. Nunca me vou perdoar o apoio que não consegui dar à minha mãe quando a sua própria mãe partiu. À minha mãe, que sempre esteve (e está) disponível para me apoiar, eu não fui capaz de manter a compostura e dar-lhe o meu ombro para chorar. Como eu gostava de ser mais como a Avó Isaura
mas agrada-me saber que tenho sangue deste a correr-me nas veias.
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por anajoao2006, em 12.09.10
Vou aproveitar o tempo, que aqui até me sobra, para postar o registo fotográfico e mencionar alguns dos acontecimentos dos últimos meses. Como foi mencionado, o Gabriel começou a andar dia 10 de Junho. Aqui está o nosso pequenino, ainda com pouco equilíbrio, mas já a percorre a casa toda!
Pic-nic em Vieira do Minho, Junho Não fossem os vizinhos barulhentos, o pic-nic até tinha sido bem agradável.
Ainda em Junho, tivemos o S. João. Este ano fomos a casa dos Belys, para uma bela sardinhada. Foi muito complicado adormecer o Gabriel numa casa estranha, mas quando pegou no sono, já não largou mais. O Xavier não ligou muito ao S. João, mas agarrou-se à televisão (leia-se Panda) com unhas e dentes e lá ficou até bem tarde. Quando foi hora de dormir não protestou muito e adormeceu em menos de nada! E assim os pais puderam usufruir de um momento social bem agradável, com os meninos a portarem-se muito bem. Na escola, foi tempo de desafio: fazer um manjerico (todos os materiais podiam ser usados). Como já fazemos muito lixo só por existirmos, não queria comprar nada para fazer o manjerico. Assim, restavam duas opções: utilizar lixo, ou fazer um manjerico consumível. Fomos pela segunda. Graças a uma excelente ideia da Iso, uma bela ajuda da Maria e do Zé Mario e trabalho até às tantas da manhã, lá conseguimos fazer manjericos comestíveis, com quadra e tudo. O Xavier ajudou a fazer o bolo à noite e a por as bandeirinhas de manhã. Cada tinha o nome de um dos meninos da sala do Xavier: "O meu manjerico está aqui tem côco, bolo e carinho Xavier este é para ti Não quero festejar sozinho"
E assim se passou Junho!
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por anajoao2006, em 04.09.10
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